segunda-feira, 9 de maio de 2011

FILOSOFIA E SOCIOLOGIA NO ENSINO MÉDIO

 escrito em sábado 25 abril 2009 17:05
As disciplinas citadas passaram a integrar o quadro curricular do Ensino Médio, como obrigatórias, com a aprovação do PLC 04/08 pelo Senado em 02-06-08, sancionado pelo então presidente em exercício José Alencar. Já em 07-07-2006, o CNE havia aprovado a obrigatoriedade por voto unânime de seus onze conselheiros presentes. Tal aprovação representou o coroamento de anos de luta de professores e entidades no Brasil inteiro. Foi uma grande vitória!

Porém, desde o veto do então presidente FHC ao PLC/98, passando pela política perniciosa da ex-secretária da educação do governo Mário Covas, Sra. Rose Neubauer, percebemos em São Paulo uma “má vontade” dos sucessivos governos tucanos com relação à inclusão dessas disciplinas no currículo. Isto se manifesta novamente agora. Ao se ver obrigada por lei federal a incluir a Filosofia e a Sociologia no currículo, a Secretaria da Educação impõe às escolas uma “grade” curricular que gera desequilíbrios entre as disciplinas e penaliza as consideradas, direta ou indiretamente, menos importantes, atribuindo-lhes apenas uma aula semanal em até duas séries!

Enquanto isso, são criadas aulas de projetos (?) e de reforço para disciplinas que já possuem quatro e até cinco aulas semanais. Esses “pedagogos” partem do grande equívoco, tornado senso comum em nosso país, de que só se aprende a escrever ou a raciocinar nas aulas de Português ou Matemática, o que é uma tremenda burrice! Certamente não conhecem a gramática do eminente Othon Garcia, que escreveu em sua “Comunicação em Prosa Moderna”: “Ensinar a escrever é ensinar a pensar”. Ora, todas as disciplinas podem e devem trabalhar o desenvolvimento dessas competências! Mas será que eles querem realmente que o povo pense? Ou apenas pretendem formar mão-de-obra semi-especializada para a burguesia neoliberal e “pós-moderna”. Acreditam eles que os computadores pensarão pelos alunos?

O pior é que a grande mídia está do lado  do “tucanato” neoliberal e privatista, mesmo depois da queda do segundo muro: o de Wall Street! A todo o momento, em nome da qualidade da educação, eles culpam os professores, principalmente da rede pública, de não saberem ensinar, de faltarem demais, de pouca produtividade, etc. e tal. Nem no tempo da ditadura militar os professores foram tão desqualificados e desrespeitados como agora!

Precisamos reagir a esse autoritarismo pedagógico, à imposição dos cadernos do Serra e de Maria Helena. Não faremos isto brigando entre nós, pois o governo quer justamente isso quando joga um professor contra o outro e nos oferece migalhas. O currículo não pode se transformar num leilão de aulas para disciplinas estanques (“pedagogia das gavetas”). Professores de Filosofia e Sociologia, e também as demais, vamos nos encontrar e discutir as dificuldades comuns, trocar experiências, apresentar a nossa concepção de educação. Que Sócrates nos perdoe, mas tombemos o cálice da cicuta que nos paralisa e mata!

Francisco Paulo Greter

(Professor de História e Filosofia há 25 anos na rede pública estadual, professor universitário, mestre em Filosofia e História da Educação pela FEUSP (1997), membro do Coletivo* Estadual de Professores de Filosofia e Sociologia)

escrito em sábado 25 abril 2009 17:05)

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