sexta-feira, 13 de maio de 2011

Reorganizar é preciso.



Olá a todos e todas.
Mesmo não participando do recente congresso  da CNTE,  alguns companheiros solicitaram para que retomássemos a luta do Coletivo Nacional de Filosofia, pois a nossa demanda é grande  e se faz urgente  mais uma vez   nos reorganizarmos, a partir dos passos iniciais que foi dado por ocasião do Encontro Nacional de Filosofia e Sociologia no Estado de São Paulo. No congresso passado estive presente e até realizamos uma reunião no interior do Próprio congresso. Entendo que se faz necessário  que socializemos os informes da luta pela filosofia  no Brasil.
Favor visitar nosso blog e vamos ressurgir das mesmas  dificuldades inerentes a luta da classe trabalhadora.
Forte abraço,
Aldo santos
Professor de Filosofia.
São Paulo.


Ata da reunião do Coletivo Nacional de filosofia,  no dia 18/01/2008, durante o
XXX Congresso da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação
Brasília.
Introdução: Após a distribuição do boletim do coletivo nacional de Filosofia, foi possível localizar alguns companheiros que constava da lista Nacional, bem como, outros educadores interessados  no debate. Realizamos duas reuniões no recinto do Congresso que aprovou as resoluções abaixo relacionadas. A reunião foi coordenada Pelo Prof Aldo Santos e  a Secretaria dos trabalhos foi feita pelo companheiro Celso Torrano.

1. Presentes (ordem da lista)

Celso Augusto Torrano (SP); Vani E. Santo (PR), Rosária Nogueira da Abadia (GO), Carmelita alcunha (MT) Rosângela A. Castro (AC); Alex Zorzal (ES); Vildete de Souza Santos Lacerda (GO); Júlio César A Santos (ES), Regina Moraes Gomes (GO); Rosângela Maria Gomes (?); Jose Edvaldo Nogueira Rodrigues (AP); Cláudia Regina Loiola (MG) Rosimar Prado Carvalho (MG); Antônio Braz (MG); Aldo Santos (SP) Gilson Santos (MG) João Antônio Rocha (SP)

2. Pauta:

1)  Informes dos Estados e organização;
2)  Proposta de encaminhamentos

2.1. Informes e apresentação dos presentes:

Antônio Braz (MG):
(Professor de Filosofia e Sociologia e Diretor de comunicações do Sindiute-MG) informou sobre a situação do ensino de filosofia e sociologia no estado de Minas Gerais, de que não está totalmente contemplada nas nove regionais do estado. Relatou sobre o Encontro de filosofia do Triângulo mineiro. Comento sobre publicação sobre o I encontro Nacional, realizado em Julho de 2007, do qual há um informe no site www.sindiutemg.org.br (Informa 13). Propôs uma forma de comunicação mais interativa, colocando-se à disposição
Hildete (GO):
Informou que ocorreram mudanças na matriz curricular em 2008, sendo que não foi definida uma proposta curricular clara. Informou que 20% das aulas foram destinadas ao ensino à distância. Quanto à carga horária de Filo/Sócio, não havia definição de como seria estabelecida (atualmente, em duas aulas semanais)
Regina (GO)
Complementou o informe de Hildete, comentando que há a disciplina Filosofia em algumas sereis das escolas, sendo que na matriz do noturno é menor
Rosimar Prado (MG)
Além dos informes sobre a situação do ensino, reforçou a importância de garantir o GT da CNTE; para a melhor comunicação, propôs a criação de um grupo.
Júlio César (ES)
Informou sobre o histórico de projeto desenvolvido no ES, com referência na UNESCO, com a reestruturação do ensino (técnico).  Conseguiram implantar Filosofia, Sociologia e Ciência Política nas três séries em 1999; no entanto, a secretaria não reconhecia, não realizava pagamento dos professores. (Sindiupes-ES, secretaria sindical)
Fábio (Sinte-GO)
Informou sobre a precariedade e carência de formados na área. É professor de Sociologia, concursado de Filosofia. Propôs a realização de contatos com universidades.


João e Celso (SP)
Retomaram o histórico sobre a luta pela implementação do ensino de Filosofia e sociologia na APEOESP. Desde a década de 1980, dos encontros da CENP, as elaborações dos professores (livros verdes, cinza). Sobre o ataque de Rose Neubauer e Covas (PSDB) e a redução das aulas (1998); sobre a retomada dos concursos de filosofia em 2005 e 2007, com Chalitta e Maria Lúcia (intervalo); Informaram sobre a realização dos oito encontros pelo coletivo da APEOESP. Apresentaram aos demais a não implementação pela SEE_SP da Res. 04/2006 do CNE/MEC, bem como da Resolução 92/07, que exclui os professores de Sociologia e Psicologia, inclusive os efetivos. Por fim, realizou a proposta de incorporação desta pauta pela CNTE, critério de formação de coletivo, trabalhadores em educação.
Genivaldo (TO)
Comentou que reconhecia os participantes indicados ao I Encontro Nacional (Expedito), bem como gostaria de participar, intervir nesta proposta à CNTE. Comenta a situação: há apenas 1 aula conjunta, redução de 1 aula no diurno, sendo que os professores chegam aos 32 diários; e a qualidade da formação no estado, desde a época colonial. Apenas por força da lei. Comentou a subordinação dos Coletivos
Cláudia (MG)
Professora Formada em Filosofia, Diretora da subsede de Pirapora. Comentou a dificuldade do campo de trabalho, devido À Superintendência de ensino valorizar as c. exatas e técnicas.
Rosângela (AC)
As disciplinas já estão incorporadas ao currículo do Ensino Médio (Filosofia, Sociologia e Psicologia), inclusive foram realizados concursos publica. A dificuldade é a carência de faculdades, formação em Seminários para filosofia
Gilson Santos (MG)
Elogiou a realização do I Encontro Nacional sobre Ensino De filosofia e sociologia em São Paulo, Julho de 2007. Solicitou a socialização das indicações do encontro para todo o Brasil; bem como a lista dos participantes do I encontro. Comprometeu-se a realizar debate com a executiva da CNTE (Inês_MG) SOBRE AS Normas para criação de coletivos e setoriais; reforçou a proposta da criação dos GTs de filosofia e sociologia no MEC, bem como a necessidade de discutir nos grupos do congresso.
Alex (ES)
Consolidação DA PRESENÇA da Filosofia (1 aula Em 1 Sèrie): é obrigatória em particular e pública
Efetivação de 20 professores da rede pro concursos há 4 anos, bem como neste Mês SE efetivaram mais 10.
Comentou sobre a presença no EF, bem como da Associação de Professores de filosofia, da dificuldade de participação. Reafirmou a proposta do GT.
Aldo (SP)
Retomou o histórico da luta em 2006 pela aprovação da Res. 04 do CNE, bem como o retrocesso em São Paulo, coma indicação 62/2006, a publicação do Parecer 343/2007 e a Resolução 92/2007.  Comentou sobre a realização do IX Encontro Estadual em São Paulo, bem como uma emenda sobre o Coletivo Nacional de Filosofia aprovado no I Encontro, para acompanhar os estados; a realização dos encontros nos estados, até a realização do II encontro Nacional. Frisou a proposta de criação do Blog e seu aperfeiçoamento.
Vani (PR)
Professora concursada de Sociologia, Comentou sobre o trabalho desenvolvido desde 1982, a luta em 1991, o papel exercido pela UEL em 1988.
Retomou o desmonte promovido pelo governo neoliberal de Jaime Lerner, a exclusa e não realização de concursos, colocadas como optativas, pelo Conselho escolar; o papel do coletivo de estudantes de ciências sociais; a inclusão de Sociologia e filosofia no vestibular da UFPR e UEL. No governo Requião, houve a publicação de outra resolução, obrigatória, duas aulas de Filosofia e sociologia em uma das séries (1,2 ou 3). Os professores de Sociologia produziram material didático a partir de suas aulas e experiências, privilegiando a metodologia das Ciências sociais e o ensino de Filosofia, para não reduzir aos temas da atualidade e genéricos, superficiais.
Rosália (Goiás)
Reforçou a falta de professores formados no Estado e região Centro oeste
(Carmelito_MT) Informou sobre a consolidação das disciplinas por resolução do CEE-MT, presença na Universidade Estadual, Faculdade de C Humanas, com boa formação. Há obrigatoriedade inclusive em escolas provadas. AS disciplinas naõ são ensinas no EF. A maior dificuldade encontra-se PARA CONSOLÌDÀ_LA NA Base Nacional Comum< SENDO QUE O CEE comprometeu-se de consolidá-la até 20!10
São lecionadas 2 aulas por disciplina, sendo que 1 aula para cada em cada série. Propôs a realização do II Encontro Nacional. A defesa da clareza e definição da habilitação (quem pode ensinar)
Newton (PE)
informou que pouco se discutia antes da REs. Do MEC, apenas como Temas transversais. A partir de 2007, passou a integrar a base comum no estado. Realizaram o I Encontro Estadual de filosofia e sociologia em Pernambuco, com professores de outras disciplinas; informou ainda da realização de concurso público em Março de 2008

2)  Proposta de encaminhamento

Foi elaborada uma resolução, protocolada na Secretaria de organização do XXX Congresso da CNTE, com o seguinte conteúdo:

-Aprovado  em plenário a Moção contra a resolução 92/07 da secretaria de educação que demite os professores de sociologia e Psicologia do Estado de São Paulo.
Pelo cumprimento integral da resolução 04/2006 do conselho Nacional de Educação/Mec:Filosofia e sociologia obrigatórias no ensino Médio de todas as escolas do País.

“Pelo fomento ao debate e criação de um coletivo nacional (GT) que acompanhe as questões específicas sobre o ensino de Filosofia e sociologia na CNTE (sobre legislação federal e elaboração de um currículo nacional)
a)   Intervenção do Ministério Público Federal em estados que não cumprem a Resolução 04/2006 do CNE/MEC;
b)  Luta pela aprovação do PLC 1641 (Dep. Ribamar alves-PSB-MA) que está no Congresso Nacional aguardando votação;
c)   Pautar a obrigatoriedade na Conferência Nacional de Educação Básica em abril de 2008;
d)  Criação dos GT´s de filosofia e sociologia no MEC
e)   Organizar os Encontros Estaduais  de Filosofia  e agendarmos uma reunião plenária para o segundo semestre de 2008.
f)    Solicitar da CNTE e Apeoesp o cadastro dos professores de filosofia  que participaram do primeiro Encontro Nacional de Filosofia e Sociologia.
para ampliar ainda mais nossa  articulação Nacional.

g)  Publicar as resoluções do Primeiro Encontro Nacional de filosofia e sociologia.

A resolução  sobre a criação do coletivo Nacional de Filosofia e Sociologia foi assinada pro 39 professores, presentes à reunião e foi apoiada pela maioria das Resoluções (forças) presentes ao Congresso. A mesma deverá constar nas resoluções aprovadas.
Secretaria dos trabalhos.
Obs. (Arquivo do Coletivo)


segunda-feira, 9 de maio de 2011

Síntese da Proposta Curricular de Filosofia para o Estado de São Paulo .

Proposta Curricular do Estado de São Paulo para a disciplina de Filosofia no  Ensino Médio.
 Para o senso Comum e com a ajuda dos filósofos, filosofar significa: estar ausente do mundo real, como numa permanente flutuação, acima das nuvens, em devaneios, sem os pés no chão, com pensamentos alheios as demais manifestações culturais, numa espécie de trava-ligua do pensamento.
 Qual o papel que o professor pode desempenhar? Uma vez que a filosofia no ensino médio foi restabelecido, indaga-se sobre sua presença no universo escolar, diante do ensino e função da filosofia,cujos formatos curriculares estão centrados nas Competências e Habilidades.
O retorno da Filosofia no ensino médio deve ser entendido como: Reconhecimento dessa disciplina nos programas escolares, situando a filosofia a um nível político-existencial, visando superar a transmissão e aquisições de conteúdos de forma mecânica e inconsciente .
 Romper com o isolamento de temas importantes como a Ética: que  tem sido realizado em seminários especializados e escondidos nas universidades, num círculo restrito. Ela deve ir para as ruas, através dos meios de comunicações, influenciar a opinião pública, sem transferir a para a mídia a responsabilidade sobre os valores éticos sobre a formação da criança e do adolescente.
 Função da escola : Formar cidadãos capazes de interferir no contexto social, levando–se em conta as influencias que o aluno armazena dos ambientes sociais que freqüenta, em especial a família.
 O Professor de filosofia assim como os demais, deve participar ativamente do processo de percepção e formação desses valores; sem abdicar das funções da docência.
 Produção de Conhecimento: O professor de filosofia deve intermediar o debate interdisciplinar com as demais disciplinas de Sociologia, História geografia e biologia; temas concretos como a violência urbana e racismo, desmatamento ou engenharia genética, num saudável intercâmbio de idéias, com benefícios aos alunos e professores.
Sobre a formação, como formar e como ensinar Filosofia no ensino médio nos leva necessariamente a questionar:A formação superior, a qualidade do material didático, como despertar o interesse dos alunos e como incentivá-lo a pensar filosoficamente?
 A crise da formação: Não é privilégio apenas da filosofia e sim das demais disciplinas do Ensino no Brasil. O isolamento do Educador como se tivesse num planeta imaginário onde o tempo e história não coabitem; nem considerar  que o educando terá uma boa formação apenas por conseguir compreender as estruturas do pensamento de um filósofo, para não fazer pensar seu leitor contemporâneo que se trata de um exercício inútil.
As manifestações do pensamento precisa ser analisadas em sua historicidade,posta em relação com outras disciplinas.
 Principais funções da filosofia:uma ferramenta conceitual, produtora de síntese-capaz de elevar o debate interdisciplinar, elevando os padrões do Ensino médio.
Trajetória da filosofia na História da Educação brasileira: Há cerca de 80 anos, o conteúdo de filosofia estava maltratado, ora pelo discurso teológico, ora pela verborragia intraduzível que saia dos moinhos de palavras de alguns especialistas.
 O Conteúdo: mais parecia raciocínios emanados de seres supremos, decifrados graças a mecânica das palavras.
 Final da Década de 60 e inicio da seguinte, com os cursos de Pós graduação, a filosofia consolidou-se em ambiente universitário, aumentou a visibilidade, contribuindo para a superação do regime autoritário. A voz dos filósofos passou a ser ouvida e entendida, deixando a caverna para ganhar o espaço da cidade.
 História da filosofia: sem depreciação a história da filosofia,não deve constituir a principal orientação para o ensino da filosofia na escola pública.
 O olhar do filósofo:É sobre o mundo concreto, da rua que o aluno percorre a até a sua escola,a realidade expressa por reportagens por exemplo sobre o tráfico, a prostituição...
 Cabe ao professor de filosofia valer-se da sua formação para orientar o debate em sala de aula agregando elementos da erudição. Quanto a formação oferecida pelas universidades,o ensino da  filosofia tem pouco espaço no universo acadêmico.
A formação oferecida nos cursos superiores, públicos e privados visam a especialização rigorosa, pouco ou nada voltada para o ensino medio.
 Cabe ao decente procurar seus próprios caminhos,aplicar a seu modo as sugestões contidas nestes materiais.
Em destaque a prática da leitura,independentemente do percurso adotado, os resultados dependerão  sempre da pratica cotidiana da leitura.
 Sobre a leitura dos alunos,desanimado o docente constata: “que os alunos não lêem”.
 O que tem feito o professores para incentivar os estudantes a lerem?
 Como anda o hábito de leitura dos professores?
Uma avaliação do docente: Avaliar sempre o significado que os hábitos de leitura tiveram e devem continuar tendo em sua formação,uma vez que é o Principal recurso para transformar em cultura qualquer proposta curricular .
 Conteúdo dos bimestres da proposta curricular do Estado de São Paulo para filosofia-Ensino médio.
 1º Série
1º Bimestre: Porque Estudar Filosofia? Áreas da Filosofia.
 2º Bimestre: filosofia e outras formas de conhecimento: mito, senso comum, ideologia, religião, arte, ciência.
 3º Bimestre: Introdução à política,Teorias do estado-Socialismo,Anarquismo, liberalismo, totalitarismos .
4º Bimestre:Democracia e cidadania:origens, conceitos e dilemas, Ideologia.
2º série.
 1º Bimestre:Introdução a ética, autonomia e liberdade.
 2º Bimestre:Formas contemporâneas de alienação moral:individualismo e condutas massificadas.
3º Bimestre:Relações entre moral e política. Limites entre o público e privado.
 4º Bimestre: Desafios éticos contemporâneo :a ciência e a condição humana.
 Introdução à Bioética.
 Elaborado por Aldo Santos, Professor de filosofia e História,  mestre em história e cultura.


FILOSOFIA E SOCIOLOGIA NO ENSINO MÉDIO

 escrito em sábado 25 abril 2009 17:05
As disciplinas citadas passaram a integrar o quadro curricular do Ensino Médio, como obrigatórias, com a aprovação do PLC 04/08 pelo Senado em 02-06-08, sancionado pelo então presidente em exercício José Alencar. Já em 07-07-2006, o CNE havia aprovado a obrigatoriedade por voto unânime de seus onze conselheiros presentes. Tal aprovação representou o coroamento de anos de luta de professores e entidades no Brasil inteiro. Foi uma grande vitória!

Porém, desde o veto do então presidente FHC ao PLC/98, passando pela política perniciosa da ex-secretária da educação do governo Mário Covas, Sra. Rose Neubauer, percebemos em São Paulo uma “má vontade” dos sucessivos governos tucanos com relação à inclusão dessas disciplinas no currículo. Isto se manifesta novamente agora. Ao se ver obrigada por lei federal a incluir a Filosofia e a Sociologia no currículo, a Secretaria da Educação impõe às escolas uma “grade” curricular que gera desequilíbrios entre as disciplinas e penaliza as consideradas, direta ou indiretamente, menos importantes, atribuindo-lhes apenas uma aula semanal em até duas séries!

Enquanto isso, são criadas aulas de projetos (?) e de reforço para disciplinas que já possuem quatro e até cinco aulas semanais. Esses “pedagogos” partem do grande equívoco, tornado senso comum em nosso país, de que só se aprende a escrever ou a raciocinar nas aulas de Português ou Matemática, o que é uma tremenda burrice! Certamente não conhecem a gramática do eminente Othon Garcia, que escreveu em sua “Comunicação em Prosa Moderna”: “Ensinar a escrever é ensinar a pensar”. Ora, todas as disciplinas podem e devem trabalhar o desenvolvimento dessas competências! Mas será que eles querem realmente que o povo pense? Ou apenas pretendem formar mão-de-obra semi-especializada para a burguesia neoliberal e “pós-moderna”. Acreditam eles que os computadores pensarão pelos alunos?

O pior é que a grande mídia está do lado  do “tucanato” neoliberal e privatista, mesmo depois da queda do segundo muro: o de Wall Street! A todo o momento, em nome da qualidade da educação, eles culpam os professores, principalmente da rede pública, de não saberem ensinar, de faltarem demais, de pouca produtividade, etc. e tal. Nem no tempo da ditadura militar os professores foram tão desqualificados e desrespeitados como agora!

Precisamos reagir a esse autoritarismo pedagógico, à imposição dos cadernos do Serra e de Maria Helena. Não faremos isto brigando entre nós, pois o governo quer justamente isso quando joga um professor contra o outro e nos oferece migalhas. O currículo não pode se transformar num leilão de aulas para disciplinas estanques (“pedagogia das gavetas”). Professores de Filosofia e Sociologia, e também as demais, vamos nos encontrar e discutir as dificuldades comuns, trocar experiências, apresentar a nossa concepção de educação. Que Sócrates nos perdoe, mas tombemos o cálice da cicuta que nos paralisa e mata!

Francisco Paulo Greter

(Professor de História e Filosofia há 25 anos na rede pública estadual, professor universitário, mestre em Filosofia e História da Educação pela FEUSP (1997), membro do Coletivo* Estadual de Professores de Filosofia e Sociologia)

escrito em sábado 25 abril 2009 17:05)

domingo, 8 de maio de 2011

O Estruturalismo e a Miséria da Razão


 O Estruturalismo e a Miséria da Razão" de Carlos Nelson Coutinho


Filosofia e Questões Teóricas
Paulo Marçaioli
Qua, 04 de Maio de 2011 17:17

Autor:Carlos Nelson Coutinho é filósofo marxista, militou no PT e hoje mantém proximidade com o PSOL. Introduziu no Brasil, junto com Leandro Konder e outros, as idéias do filósofo húngaro György Lukács. Alguns anos após a publicação do "Estruturalismo", passaria a estudar o filósofo italiano Antônio Gramsci. E é a partir da influência gramsciana que Coutinho lançará seu provável mais famoso ensaio, "A Democracia Como Valor Universal".

Objetivos do Estudo

A publicação de "Estruturalismo e A Miséria da Razão", cerca de 30 anos após o seu lançamento (1971), revela a atualidade das discussões propostas pelo autor. O objetivo da obra, então, era o de fazer crítica militante acerca da tendência filosófica predominante nas universidades brasileiras após 1968. O exílio dos intelectuais brasileiros de esquerda e o cerco ideológico promovidos pela repressão criou condições para a importação daquela nova moda filosófica francesa. No Brasil, o Estruturalismo viria a preencher o vazio intelectual decorrente da repressão e da fragilidade política da esquerda, pouco capaz de dar respostas teóricas às críticas do estruturalistas à razão dialética, ao humanismo e à história dotada de sentidos.

Já o objetivo da obra de Carlos Nelson Coutinho, hoje, vai além de ilustrar os embates filosóficos de sua época e/ou tratar de alguns tópicos da filosofia de Marx, e particularmente de Lukács e sua ontologia do ser social.

O texto é ainda capaz de armar o campo crítico e marxista de argumentos e respostas às tendências filosóficas irracionalistas: hoje, o estruturalismo deixa de ser a moda filosófica, havendo versões atualizadas da "miséria da razão" sob os nomes de pós-estruturalismo e pós-modernismo. Igualmente, estruturalismo e pós-estruturalismo têm lances de continuidade e sinalizam respostas do mundo da filosofia às exigências da economia e manifestações dos ciclos de crise e expansão do capitalismo. O Estruturalismo, filosofia européia que mantém correspondência com um momento de expansão do capital, estabelece suas bases filosóficas a partir de modelos esquemáticos, da técnica, da razão instrumental, tabelas, números e eficácia. O pós-estruturalismo, correspondendo aos eventos da reestruturação produtiva e crise econômica estrutural, sinaliza insegurança, contingência, irracionalismo, o resgate da filosofia pessimista de Nietzche e Heidegger, dentre outros. O que há de comum entre estruturalismo e pós-estruturalismo é a negação dos 3 eixos fundamentais da filosofia do marxismo: o humanismo, o historicismo e a dialética.

Batalha das Ideias

Ao negar o humanismo, o Estruturalismo é incapaz de revelar a "mutilação da práxis pela manipulação, a necessária irracionalidade de uma vida voltada para o consumo supérfluo e humanamente insensato". Ao negar o historicismo, o estruturalismo naturaliza as relações históricas de exploração, chegando a teses extremas, como em Levi-Strauss, de se defender a existência de estruturas e normas sociais que antecedem o homem, e portanto, a própria história. Ao negar a dialética, o Estruturalismo instaura a hegemonia da razão meramente instrumental – chamada por Carlos Nelson Coutinho de Intelecto. Negar a dialética, seja por estruturas normativas imutáveis (estruturalismo) seja pela pura e simples negação da racionalidade a priori (pós-estruturalismo) significa contrapor-se aos esforços de promover um entendimento totalizante da realidade, capaz de tornar o mundo congniscível e passível de ser transformado: pensar para além do intelecto significa utilizar a razão decorrente das descobertas filosóficas de Hegel e Karl Marx, negadas pelas mais distintas formas pelas filosofias manipulatórias.

Reinvindicar a atualidade da filosofia crítica e emancipatória significa confrontá-la com as demais filosofias associadas, de forma mais ou menos consciente, à lógica de reprodução do capital. A batalha das ideias segue viva, 30 anos após o lançamento do "Estruturalismo e A Miséria da Razão".

["O Estruturalismo e A Miséria da Razão" – Carlos Nelson Coutinho – Ed. Expressão Popular]

Paulo Marçaioli é filiado ao PSol de Valinhos e estudante de Direito da USP
publicado na revista da fundação Lauro Campos.